O oceano no fim do caminho

“Ninguém realmente se parece por fora com o que é de fato por dentro. Nem você. Nem eu. As pessoas são muito mais complicadas que isso. É assim com todo mundo.”
GAIMAN, Neil. O oceano no fim do caminho. p. 129.
Neil Gaiman é surreal! Em uma fábula maravilhosa que é O oceano no fim do caminho, Gaiman nos presenteia com um enredo delicioso, simples, tocante e lindo.
A narrativa transborda sensações. Particularmente, adoro enredos narrados sob a perspectiva do olhar de crianças. Em O oceano no fim do caminho, acompanhamos e nos envolvemos nas coisas mais ordinárias do dia a dia de uma criança e somos transportados para o seu mundo, repleto de elementos extraordinários
Em meio a fantasias ou não, é forte a sensação de conexão entre o personagem principal e o leitor. Gaiman é brilhante na narrativa em primeira pessoa, para construir essa empatia com o menino – que aliás, não nos é apresentado o nome, o que torna ainda maior a identificação do eu com a personagem.
Me encantou este mundo extraordinário ao qual O oceano no fim do caminho nos leva, ainda mais por ser alicerçado na confiança cega, na segurança de uma amizade transcendental e na fantasia. Acho ainda mais fantástico a mágica da infância, os tempos mundanossensíveis e sombrios ao qual nosso menino desbrava com toda suainocência de criança, e eminente serenidade quando adulto.
Com passagens que inúmeras vezes me fizeram refletir sobre a vida, sobre fantasias, sobre as memórias da infância que levamos conosco, (…), Gaiman conquistou meucarinho literário de cara.
Creio que o convite a mergulhar neste oceano deve ser muito bem aceito, e realizado com total entrega. Deixar-se fluir pelo paradoxo dessas águas misteriosas e claras. O oceano no fim do caminho sem sombra de dúvidas entrou para a minha lista de livros favoritos, pois diante de tal beleza acredito ser impossível não se encantar e sentir-sefantasiar.
Sinopse: Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.
Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.

Uma boa leitura, queridos! ;)
J.

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